Para esta edição da Bienal de Veneza, o pavilhão canadense explorou as formas como a modernidade foi absorvida no ambiente extremo de Nunavut, Canadá. Sendo Nunavut o maior território (com área maior que 2 milhões de Km²), mais novo e mais ao norte, o escritório Lateral Office resolveu lançar luz sobre o que Mason White chama de, a "modernidade de borda". Encantando o juri com sua pesquisa e projeto, o Arctic Adaptaptions: Nunavut rendeu a Mason White, Lola Sheppard, Matthew Spremulli e equipe uma Menção Especial na premiação da Bienal.
A geográfica, cultural e a condição limítrofe de Nunavut foi analisada por diferentes partes da exposição em três meios: o passado recente, o presente corrente e o futuro próximo. Matthew Spremulli explicou que o Artic Adaption procurou o "olhar além dos padrões" para entender como os fundamentos da arquitetura são afetados em uma área como Nunavut. Dado o desafio específico de projetar e construir um ambiente como este que, compreensivelmente, resistiu aos modelos do sul, foi apresentado então um caso de adaptação.
Os curadores começam apresentando a pouco conhecida Nunavut através de uma série de mapas e diagramas. As outras três partes da exposição são comunicadas através de maquetes, uma vez que a equipe queria transmitir um certo grau de fisicalidade. Mason White disse que "a maquete, foi um objetivo geral da exposição, o que representa uma poderosa ferramenta que comunica igualmente entre diferentes disciplinas e culturas".
Na primeira parte, doze compartimentos embutidos na parede guardam doze esculturas feitas em pedra sabão por artistas Inuit. Estas peças em pedra sabão foram feitas baseadas em desenhos fornecidos pelo escritório Lateral Office.
A segunda parte, "Nunavut Settlements," documenta as condições atuais de 25 comunidades costeiras. Feito em Corian, foi documentado cada edifício em Nunavut e mostrado as respectivas relações entre os assentamentos e a água. Cada comunidade também está documentada em fotografias; estas imagens foram feitas pela própria comunidade através de um concurso de fotografia. Através desta maquete e das fotografias, as pessoas começam a entender o quão difícil é a falta de conectividade moderna e transporte afeta a saúde, educação etc.
Em uma projeção especulativa de um futuro de 15 anos, a terceira parte chamada de "Nunavut Futures", responde a essas questões de educação, saúde, habitação, recreação e artes.
Arctic Adaptations celebra as possibilidades de novas soluções em um ambiente que não absorveu a modernidade tanto quanto se adaptou a ela. Ao questionar diversos aspectos fundamentais do caráter arquitetônico dos primeiros 15 anos de Nunavut como um território organizado, os curadores fornecem ferramentas para entender o potencial arquitetônico em condições de borda.
Do Catálogo Oficial da 14ª Exposição Internacional de Arquitetura. A modernidade pode muitas vezes temer as especificidades do lugar e a premissa do "local". No entanto, num lugar onde em algumas épocas do ano há pouca ou nenhuma luz do dia, cujas temperaturas médias estão abaixo de zero, que não conta com rodovias, e que tem um povo que vive da terra, a modernidade é forçada a seus limites. Um conjunto de particularidades contextuais parece resistir à agenda universalizante do modernismo.
O clima, a geografia e o povo do Ártico canadense desafiam a violabilidade de uma modernidade universalizante. Seguindo os períodos de exploração no século XX, a arquitetura moderna invadiu esta remota e vasta região do Canadá, por vezes em nome da soberania, da gestão de assuntos dos povos locais, da busca por recursos, ou do comércio, dentre outros motivos. No entanto, os Inuit habitam o Ártico canadense há milênios como um povo tradicionalmente semi-nômade. As relações entre os Inuit e o Canadá são repletas de atos de negligência, resistência e negociação. Nos últimos setenta anos, a arquitetura, infraestrutura e assentamentos têm sido as ferramentas dessas negociações. Os povos foram relocados; postos de troca, infraestruturas militares e estações de pesquisa foram construídas; mesmo pequenos assentamentos estão emergindo como cidades no Ártico. Algumas delas descrevem profundas marcas desse povo - adaptação e resiliência. Em nenhum lugar a adaptação à modernidade é melhor exemplificada que no novo, maior e mais ao norte território canadense: Nunavut. Nunavut, que significa "nossa terra", foi oficialmente separado dos Northwest Territories em 1 de abril de 1999. Hoje, há cerca de 33 mil pessoas vivendo em vinte e cinco comunidades em Nunavut, espalhadas em dois milhões de quilômetros quadrados. As comunidades variam de populações de 120, nos menores povoados, a 7.000 em Iqaluit, capital de Ninavut.
Arctic Adaptions: Nunavut at 15 examina um passado arquitetônico recente, um presente em curso de urbanização, e um futuro projetivo próximo da arquitetura adaptativa de Nunavut. A exposição documenta a história arquitetônica nesta impressionante mas relativamente pouco conhecida região do Canadá, descreve as realidades contemporâneas da vida nessas comunidades, e examina o papel projetivo da arquitetura em direção ao futuro. A exposição argumenta que a cultura moderna Inut continua a evoluir mesclando o tradicional e o contemporâneo de um modo único e inovador. Poderia a arquitetura, que falhou técnica e socialmente nessa região, ser igualmente inovadora e adaptativa?